sexta-feira, 27 de novembro de 2009

JOÃO SIMÕES LOPES NETO

João Simões Lopes Neto e a miséria intelectual dos gaúchos

Qualquer aluno de Literatura Brasileira que se interesse pelos escritores gaúchos terá, como uma espécie de obrigação, tomar conhecimento da obra de Simões Lopes, seja por questão lingüística, seja por questão cultural. Ao ler Simões Lopes Neto, até o gaúcho se sente, digamos, mais gaúcho, ingressando, porém, em um mundo de contradições.

Comecemos pela linguagem: o vocabulário presente na obra de Simões Lopes, campeiro, não é utilizado nos centros urbanos de hoje, exceto em alguns círculos restritos, como objeto de curiosidade acadêmica em alguns departamentos de Literatura, ou em livrarias/sebos mais atilados. Infelizmente, tal vocabulário resiste, também, no arremedo distante e esmaecido (portanto, já sem aquela aura de que nos falava o autor de A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução) apresentado no linguajar de gauchinhos de meia pataca, fantasiados com suas bombachas e alpargatas, que tomam chimarrão por uma espécie de dever religioso, como se tomassem o sangue de Cristo e que, não raro, reúnem-se para bater pé nos finais de semana – como se isso significasse manutenção de alguma tradição, e não teimosia aliada à necessidade burra de continuar incorrendo em erro histórico.

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